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RESIDÊNCIA » PósPornôPyrata: Intersecções entre pospornografia, arte contemporânea e decolonialidade

  • Nos arreganhamos a pensar sobre raça e sexo-gênero-dissidência, interseccionando as opressões e privilégios, pensando nesses marcadores sociais que hierarquizam as relações. Como isso reverbera na construção da arte contemporânea?

    A proposta é ascender as corpas e sexualidades transviadas e degeneradas em potência do fazer criativo enquanto máquina insurgente, conectadas por uma rede de cuidado, afetiva e de modificação. A residência propõe o estímulo ao erro, já que o bug do sistema somos nós. Processos de localização da opressão à táticas de guerrilha póspornô e possibilidades de rupturas ao cistema heteromachobranco.

    A residência pretende conectar artistas que trabalham com póspornô e decolonização e/ou tem ações e vivência de combate e questionamento à hegemonia racista e cis hetero patriarcal. Pq a arte legitimada é a do homem hétero cis branco?

    A hierarquia e a linearidade da arte como senhor deus colonizador. Como produções dissidentes articulam fora do grande circuito elitista das artes?

    Propomos pensar produções póspornô sudakas para questionar a colonização dos corpos. Quais os tensionamentos sobre a presença destas reflexões no campo artístico? É possível dilatar a fronteira elitista e clubista da arte para que a propagação de nossas narrativas se transforme numa estratégia de sobrevivência no cisheterocapitalismo?

    ### o pornoterrorismo pode ser um marco implosivo da linearidade que dominou a arte contemporânea? ###

    PRIMEIRO DIA – 22/10
    horário: 17h
    local: carnaúba cultural

    aberto ao público

    Exibição de vídeos póspornô sudakas.
    Roda de conversa de abertura.


    SEGUNDO DIA – 23/10
    horário: 17h
    local: carnaúba cultural
    exclusivo para os inscritos


    Estações de experimentação póspornô sensoriais

    estação1
    Faça você mesme.

    estação2
    VÔMITO. vomitamos a velha máxima desnecessária dos concretistas, modernistas, tropicalistas, queers modinha. Oiticica is dead! Vomitamos a nós mesmas para nos reinventar, para não sucumbirmos caladas, para perturbar a norma e implantar desconforto aos que nos subjulgam, vomitamos nossa própria carne, nossa radioatividade, nossos vírus para que todxs se infeccionem, purpurina de nossos ossos.
    “A antropoemia – o vômito – interrompe a digestão e a evacuação: reverte a dialética ao não permitir que se faça a síntese. Impedido de virar bosta, todo vômito se faz comestível: na contramão da síntese, vomitar é a possibilidade de comer novamente, e outra vez mais. “Contínua transformação do tabu em totem”. Todo vômito “já éramos” alimento. É ao mesmo tempo alimento e dejeto, inclusão e exclusão. Ambivalência. O vômito é o pulsante processo dialético e histórico, instável e informe. Força que não estabiliza.”(ref. a oficina de vömito da coletiva vômito, estação que muta criada por Bruna Kury. no encontro aparece como instalacao.)

    estação3
    PÓSPORNO SONORO. “As corpas são únicas, podemos expandir nossos sentidos. Nenhuma medicina branca nem igreja, nem família baseada na cisnorma poderá nos castrar ou nos trancafiar em outres ou em nós mesmes. Faremos de nossas corpas festa, de nossos orifícios transmissores de música de nós mesmes, tentáculos e fios.”
    Tecnologias do corpo, suor, pele, próteses, hibridismo, organismo.


    TERCEIRO DIA – 24/10
    horário: 17h
    local: Carnaúba Cultural
    exclusivo para os inscritos


    Debater anarquismos, antihumanismos, autonomia, alimentação e ancestralidade, o veganismo enquanto um instrumento de enfrentamento às lógicas hegemônicas de consumo, criando maneiras alternativas que não se baseiam em nenhum tipo de exploração, especismo ou misoginia.

    Monstruosas e Distro Dysca – focades nos tesões apocalípticos que se fortalecem desprezando a falocracia da masculinidade tóxica e civilizada. Gozar em cima das ruínas da heterossexualidade e da família nuclear androcentrada é um ato que transforma os esforços para demolição do heterocapitalismo em um orgasmo lascivo, sendo as vivências e as práticas dissidentes, um vírus que se propaga contaminando os corpos com a descolonização dos desejos e afetos. Os prazeres e a forma como se alcança-os também são políticos e fazem parte de uma subversão estrutural acerca do controle biopolítico dos corpos.

    *A proposta é de construirmos coletivamente uma performance póspornô.
    ‘Salimos a la calle, monstruas, mutantes, queers, sudakas, migrantes, disidentes, lxs que despiertan y quieren despertar a otrxs. Derrumbando los muros que impone el (des)conocimiento, follamos de vuelta los vangloriados culos próceres del fascismo, héroes del colonialismo. Les follamos y en el lugar de los hechos eyaculamos los cuerpos de piedra con verdadera historia. ‘
    Ref: fuckthefascism.blogspot.com



    QUARTO DIA – 26/10
    horário: 17h
    local: Carnaúba Cultural
    aberto ao público


    MOnSTRA COLETIVA dos trabalhos com integrantes da residência e artistas convidades.

    Feira com Monstruosas, Distro Dysca, PósPornôPirata, AnarkoBafo, @kucetaplataforma


    A residência PÓSPORNÔPYRATA – intersecções entre arte contemporânea, póspornografia e decolonialidade em Fortaleza-CE é proposta por Rao Ni, Bruna Kury e Gil Porto Pyrata, em parceria com Aline Furtado, Espaço Carnaúba Cultural, Monstruosas e Distro Dysca.

    Rao Ni (1990, Fortaleza/Ce) transvyade não binário do corre autônomo. Pesquisa a produção de imagens não normativas que abordam gênero, corporalidades dissidentes e transmasculinidades marikas. Trabalha com fotografia, montagem de vídeo e xilogravura. Atualmente estuda iluminação cênica na SP Escola de Teatro.

    Bruna Kury (1987) é brasileira, anarcatransfeminista, performer, artista visual e sonora, atualmente reside em São Paulo (BR) e desenvolve trabalhos em diversos contextos, seja no mercado institucional da arte ou em produções de borda. Focada em criações atravessadas por questões de gênero, classe e raça (contra o cis-tema patriarcal heteronormativo compulsório vigente e a opressões estruturais-GUERRA de classes). Já performou com a Coletiva Vômito, Coletivo Coiote, La Plataformance, MEXA e Coletivo T. Atualmente investiga sonoridades no pósporno e a criação de objetuais que são ramificações do trabalho com performance.

    Gil Porto Pyrata é pessoa trans não binária, reside atualmente em São Paulo. Artista de rua, arte educador, palhaço freak, anarcatransfeminista e terrorperformer, pesquisa pospornografias e masculinidades combativas ao heterocispatriarcado, com uso de linguagens experimentais que circulam entre circo/dança/sonoridades/perfomance/textualidades.

    Ana Aline Furtado, 1985
    artista visual multilinguagem
    integra a TERRA (coletiva)
    e-mail: analine.furtado@gmail.com
    nascida no sertão do inhamuns, região fronteiriça entre PI y CE, no nordeste do Brasil ~ encontra em sua trajetória não-individual a matéria de seus possíveis ~ a atuação como advogada na luta por DDHH é a base de sua vida artística-política ~ pesquisas decoloniais sobre: memória, pertencimento, processos de emergência étnica, território, corpo-denúncia, apagamento, raça, gênero, dinâmicas de descontinuidade da lógica de pacificação, escuta y cura como processo.

    Akuenda Translésbicha
    Monstra animalista, coletora selvagem, kuirlumbista anticivilizatória, hacker institucional, urubruxa, transfeminista antihumanista e agitadora de políticas marginais. Resgata fazeres e conhecimentos ancestrais exterminados pela colonialidade e maneja ações antihegemônicas através de receitas para o desastre!